(Foto: Estadão Conteúdo) |
O ex-presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou, durante uma palestra em Florianópolis,
que o governo mente ao dizer que combate a corrupção. Segundo Barbosa, quem
cumpre este papel são a Polícia Federal, a Justiça e o Ministério Público
Federal. Ao falar sobre corrupção e fazer críticas ao Partido dos Trabalhadores
(PT), Barbosa foi aplaudido várias vezes durante sua palestra sobre ética e
administração, na noite desta quinta-feira, no centro de convenções Centrosul.
"Quem está combatendo é o Ministério Público
Federal, a Polícia Federal e a Justiça. Eles não têm nada a ver com isso. Nunca
se combateu tanto a corrupção, mentira", afirmou Barbosa.
O ex-presidente do STF não poupou críticas ao modelo
político atual, que, segundo ele, favorece à prática da corrupção. Ao responder
uma pergunta de uma pessoa da plateia, Barbosa disse que não poderia
quantificar se a corrupção apontada ao Partido dos Trabalhadores (PT) era
maior, menor ou igual aos governos anteriores. No entanto, disse que o PT tem
adotado uma retórica "um pouco cínica".
"Eles
alegam: nós não inventamos a corrupção, sempre houve corrupção na vida
brasileira, ou seja, é como se tivesse chegado a vez dele", respondeu com
ironia. A plateia riu e aplaudiu Barbosa.
Ele contou que não é militante político, mas votou no
Lula duas vezes e uma vez na presidente Dilma Rousseff. E que no início do
partido havia uma fé como se o PT tivesse vindo "redimir os nossos
pecados."
"Mas o partido, num determinado momento não soube se
expurgar, especialmente da sua cúpula, das pessoas que visivelmente se
utilizaram da filiação ou da sua posição de poder dentro do partido para
enriquecer e se corromper. A visão messiânica, como uma seita, que seriam
imunes à corrupção, permitiram chegar ao nível que está", falou.
Ao falar da inclusão de pessoa jurídica passível de
punição, prevista na Lei Anticorrupção, Barbosa disse que o motivo está na
redução, por decreto, do percentual da multa de 20% para 5% sobre o faturamento
das empresas envolvidas nesse tipo de crime.
"As penas são 0,1% a 20% sobre o faturamento. Mas,
nas últimas semanas, ocorreram fatos que colocam em xeque, ao meu ver, essa
vontade, esse comprometimento do Estado brasileiro em combater verdadeiramente
a prática de corrupção. O governo federal, ao regulamentar a lei, baixou um
decreto, certamente influenciado pelos fatos que nos assolam a todos os
brasileiros há meses, limitando essa punição a apenas 5% do faturamento, o que
demonstra, a meu ver, a vontade", disse.
Agência O Globo