O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) anunciou na manhã deste sábado, 1º, que a advogada Beatriz Catta
Preta será interpelada judicialmente para esclarecer as acusações de que sofreu
ameaças e por isso decidiu deixar a defesa de investigados na Operação Lava
Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobrás e outras estatais.
A criminalista
é especialista em delação premiada e anunciou no início da semana a decisão de
fechar o escritório e abandonar a carreira. Segundo Cunha, se a advogada não esclarecer
as denúncias que fez, deverá ser "responsabilizada".
Catta Preta
disse ser "ameaçada de forma velada" por "pessoas que se
utilizam da mídia" e por integrantes da CPI da Petrobrás na Câmara. Cunha
informou que a interpelação judicial será feita pela Câmara independente da
convocação da advogada pela CPI.
"Determinarei
à Procuradoria Parlamentar da Câmara que ingresse com interpelação judicial
semana que vem, independente da CPI. A mesa diretora da Câmara tem obrigação de
interpelá-la judicialmente para que diga quais ameaças sofreu e de quem sofreu
ameaças", afirmou Cunha nas redes sociais.
"A
acusação atinge a CPI como um todo e a Câmara como um todo, devendo ela
esclarecer ou ser responsabilizada por isso", acrescentou. Cunha é
investigado por suspeita de envolvimento no esquema da Petrobrás. O deputado
nega qualquer relação com o desvio de dinheiro e recebimento de propina.
Há duas
semanas, Cunha rompeu com o governo, depois de o consultor Júlio Camargo ter
dito, em delação premiada, que foi pressionado a pagar US$ 5 milhões em propina
ao atual presidente da Câmara. O deputado peemedebista acusa o governo de
interferir na investigação para fragilizá-lo e ao mesmo tempo poupar petistas
suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção.
Luciana Nunes Leal - Estadão