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A Folha de S.
Paulo destaca que Renan também sugeriu que, após enfrentar esse assunto,
poderia "negociar" com membros do STF (Supremo Tribunal Federal)
"a transição" de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada.
A Operação
Lava Jato investiga Machado e Renan. Com medo de ser preso, Machado gravou pelo
menos duas conversas entre ambos. A reportagem teve acesso aos áudios. Machado
está negociando um acordo de delação premiada.
O
ex-presidente da Transpetro também gravou uma conversa com o senador Romero
Jucá (PMDB-RR), empossado ministro do Planejamento no governo Michel Temer. A
divulgação dos áudios levou à exoneração de Jucá.
Em conversa com Renan, Machado sugeriu
"um pacto", que seria "passar uma borracha no Brasil".
Renan responde: "antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas,
que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação
premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação".
O peemedebista
defende uma alteração que, se fosse efetivada, poderia beneficiar Machado. A
Folha destaca que ele procurou Jucá, Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB)
porque temia ser preso e virar réu colaborador.
"Ele está
querendo me seduzir, porra. [...] Mandando recado", contou Machado a Renan
em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ainda no
diálogo, Renan ataca uma decisão do STF tomada ano passado, de manter uma
pessoa presa após a sua segunda condenação. O presidente do Senado cogita negociar
a transição com membros do STF, embora o áudio não permita estabelecer com
precisão o que ele pretende.
Renan
considera que os políticos todos "estão com medo" da Lava Jato.
"Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] 'Renan,
queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma
coisa'", revelou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral
(ex-PT-MS), que fazia citação ao tucano.
Os áudios
também revelam que Renan disse que uma delação da empreiteira Odebrecht
"vai mostrar as contas", em provável referência à campanha eleitoral
de Dilma. Machado respondeu que "não escapa ninguém de nenhum
partido". "Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito.
Governador, nenhum."
OUTRO LADO
A assessoria
do presidente do Senado informou que os "diálogos não revelam, não
indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou
soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas
investigações".
Segundo a assessoria,
"todas as opiniões do senador foram publicamente noticiadas pelos veículos
de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara, a possibilidade de
alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não
confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras foram fartamente
veiculadas".
"Em
relação ao senador Aécio Neves, o senador Renan Calheiros de desculpa porque se
expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que
expressava indignação –e não medo– com a citação do ex-senador Delcídio do
Amaral."
Já a
assessoria do STF informou que o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski,
"jamais manteve conversas sobre supostas 'transição' ou 'mudanças na
legislação penal' com as pessoas citadas", isto é, Renan Calheiros e
Sérgio Machado.
A nota
divulgada pela Executiva Nacional do PSDB informou que vai "acionar na
Justiça" o ex-presidente da Transpetro. A sigla diz ser "inaceitável
essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios
de uma delação premiada".
A reportagem
não conseguiu contato com Sérgio Machado.
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