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O Brasil é
o país que mais perde posições no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) quando o valor é ajustado à desigualdade, ou seja, quando se leva
em consideração as distorções em saúde, educação e renda. O IDH brasileiro cai
de 0,761 para 0,574, uma perda de 24,57% no valor, o que faz o Brasil cair 23
posições quando comparado ao restante do mundo. Se a desigualdade de um País é
grande, a perda no índice também é.
De
acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Humano (PNUD), a fatia dos 10% dos mais ricos do Brasil concentra 41,9% da
renda nacional. O universo dos 1% mais ricos representa 28,3% da renda, a
segunda maior concentração do mundo nesta parcela populacional - atrás apenas
do Qatar (29%).
"A desigualdade é um
problema conhecido da sociedade brasileira e dos políticos. Certamente uma das
mensagens do nosso relatório é de que as desigualdades são importantes para as
populações porque elas não têm a ver com um ou dois governos, mas com questões
históricas", disse ao Estado o diretor do relatório de desenvolvimento
humano da ONU, Pedro Conceição.
Gênero
O relatório também analisa
as desigualdades entre homens e mulheres no Brasil. Se o IDH do universo
masculino é de 0,761, o das mulheres é de 0,757 - quatro milésimos a menos. Por
aqui, 61% das mulheres adultas chegam ao menos ao ensino médio, em comparação
com 57,7% dos homens. Mesmo apresentando melhor desempenho nos quesitos
educação e longevidade, as mulheres ficam atrás dos homens no que diz respeito
à renda (41,5% menor que a dos homens). No mercado de trabalho, a participação
feminina é de 54%, ante 74,4% dos homens.
Último colocado no ranking
mundial do IDH, o Níger possui mais mulheres no Parlamento do que o Brasil - a
representação feminina é de 17% no país africano, ante 15% aqui. Na vizinha
Argentina, a porcentagem é mais do que o dobro - 39,5%.
No Índice de Desigualdade
de Gênero (IDG), que faz parte do relatório, o Brasil ocupa a 89.ª posição
entre 162 países que tiveram esse dado analisado. Foram consideradas as
desigualdades em saúde reprodutiva (mortalidade materna e taxas de natalidade
na adolescência); empoderamento (participação no Parlamento e escolaridade); e
participação no mercado de trabalho.
Para a economista Betina
Ferraz Barbosa, chefe da unidade de desenvolvimento humano do Pnud, o relatório
aponta para uma situação de "emergência global". "Se a gente se
debruçar sobre esse relatório, é muito preocupante os achados em nível global.
Não é a percepção se o IDH subiu ou desceu, e sim uma análise sobre toda a
transformação que a sociedade passa globalmente, com mudanças de paradigmas que
vão enfraquecer a força de trabalho. É uma questão de agir agora." As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.