sábado, 5 de setembro de 2020

Faltam remédios e pacientes dormem em colchões colocados no chão do maior hospital psiquiátrico do RN.

 

Problemas foram flagrados nesta sexta (4) no Hospital João Machado. Governo diz que vai disponibilizar leitos que eram usados para pacientes de Covid-19, após desinfecção. 


Na maior unidade de saúde para atendimento psiquiátrico no Rio Grande do Norte, o Hospital João Machado (HJM), pacientes estão dormindo em colchões colocados no chão. A cena foi registrada na manhã desta sexta-feira (4), pela equipe de reportagem da Intertv Cabugi, após uma denúncia feita pelo Sindicato Estadual da Saúde (Sindsaúde).

Na ala masculina, o dormitório possui 15 leitos. Mas, segundo os profissionais de saúde que atuam na unidade, 27 pacientes ocupam o espaço.

"Eu durmo no colchão no chão", confirma um dos pacientes. Uma servidora da unidade, que preferiu não se identificar, contou que as condições de trabalho são precárias. " Nós não temos condição de trabalho nenhuma. Não temos lençol suficiente, fata medicação, está superlotado, demanda maior. Tem gente dormindo no chão", conta a servidora.

A falta de medicamentos controlados é outro problema. Na parede de entrada da farmácia, foi fixado um aviso de que o medicamento olamzapina 5 e 10 mg está em falta. O medicamento é usado para tratamento de pacientes com surtos psicóticos e quadros de bipolaridade. Os remédios deveriam ser fornecidos gratuitamente aos pacientes, mas há meses a farmácia não é abastecida.

Uma paciente reclamou também da falta de um medicamento específico para o tratamento da esquizofrenia. Rosimary Mathias disse que a família está comprando com muita dificuldade. “Eu preciso desses remédios pra cuidar de mim, para não vir a surtar. Meu pai está juntando com meu esposo, parcelando no cartão, para poder não faltar meu remédio", conta.

Os pacientes em surto também sofrem com a falta de atendimento. "O rapaz está passando mal desde ontem e não aparece um enfermeiro pra acudir, não aparece medicação certa. Aqui a gente é pra se tratar, aqui é um hospital", reclama um dos pacientes, que não quis se identificar.

Em nota, a direção do HJM e Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), informaram que a partir desta sexta-feira (4), depois de realizada a desinfecção, vai destinar os 10 leitos de isolamento disponíveis para pacientes da psiquiatria com suspeita ou confirmação da Covid, que estavam desocupados, para ocupação de pacientes da enfermaria mista.

A nota diz ainda que está mobilizando uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais para compor o acolhimento do pronto socorro.

“Em relação ao pronto socorro de atenção psiquiátrica, nós estamos em adequações, pois essa atenção não pode ser concentrada somente no João Machado. É importante que as Unidades de Pronto Atendimento atendam esses pacientes em surto, pois outros serviços precisam se organizar para atender e acolher esses pacientes”, disse o secretário de saúde, Cipriano Maia. Segundo ele, existe hoje a reestruturação das Redes de Atenção à Saúde Mental nas regiões, para que não exista a concentração de pacientes em um só hospital.

Sobre os medicamentos, a diretora da unidade, Lívia Garcia, disse que é um problema nacional de distribuição do Ministério da Saúde e não deu previsão de quando será regularizado. O fato foi reforçado em nota pela Sesap que disse que o MS "não tem garantido a regularidade e tem dificultado a prestação continuada dessa atenção aos pacientes". 

 


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