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Preso desde outubro de 2016, o
ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ),
defendeu a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
ao Palácio do Planalto, criticou a atuação do Congresso e prometeu voltar à
vida pública. "Confio em Deus que vou reverter o quadro e voltarei a
participar do cenário político", escreveu em carta divulgada nesta sexta-feira
(17).
O emedebista foi condenado
em junho a 24 anos e 10 meses de prisão por desvios na Caixa Econômica Federal.
Em novembro de 2017, outro processo rendeu a ele pena de 14 anos e 6 meses de
prisão por receber propinas em troca de contratos da Petrobras.
No texto, Cunha se compara
a Lula, preso desde 7 de abril, condenado em 2ª instância no caso do tríplex do
Guarujá. "É notório que sou vítima de uma perseguição, por ter sido o
responsável pelo impeachment, que retirou a Dilma [Rousseff] e o PT do Governo, e sou,
assim como o ex-presidente Lula, um troféu político da República de
Curitiba."
De acordo com o
ex-deputado, cabe aos brasileiros decidir se Lula deveria voltar ao poder. O PT
registrou a candidatura do ex-presidente na última quarta-feira (15), mas a
expectativa é que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o declare inelegível,
pela Lei da Ficha Limpa. "Como defensor da
democracia, acredito que lula tem direito de ser candidato, pois quem deve
julga-lo é a população", diz a carta. "O petista não deve ser eleito
pelo custo que impôs ao povo com sua desastrada escolha, mas jamais impedido de
disputar", completa Cunha.
Como presidente da Câmara, o
ex-deputado foi responsável por aceitar o pedido de impeachment de Dilma
Rousseff em 2 de dezembro de 2016, horas após deputados do PT anunciarem que
votariam contra ele no Conselho de Ética da Câmara.
Responsável pelo
fortalecimento do centrão, Cunha criticou a atuação do grupo e defendeu a
adoação do parlamentarismo. "A situação do país é muito difícil e a
eleição não acabará com a crise. Qualquer candidato que saia vitorioso terá
enorme dificuldade de governar, pois dependerá de um Congresso eleito
totalmente desvinculado de suas propostas e compromissos", disse na carta,
sem citar o bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, que apoia a
candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB)
na corrida presidencial.
Ele também criticou os
critérios da eleição atual, incluindo o fim de financiamento empresarial e
sinalizou para o risco de o próximo presidente não chegar ao fim do mandato.
"Chegamos a um momento muito difícil. O Congresso será eleito no pior dos modelos
políticos, com voto individual, financiamento público e sem qualquer
compromisso com a governabilidade. O eleitor precisa estar atento que alguns
dos candidatos a presidente, se eleito forem, correm o risco de não durarem um
ano de governo."
Cunha sinalizou também a
dificuldade do próximo governo aprovar medidas impopulares. "A título de
exemplo, de que adianta ao candidato do PSDB ter uma base de apoio tão extensa,
mas com a maioria dos parlamentares sendo contra a reforma da previdência?
Imagina outros candidatos que nem base tem para apoiá-los!", afirmou.
Informações Huffpost Brasil.