sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Eduardo Cunha defende candidatura de Lula e ataca centrão em carta

© AFP/Getty Images

Preso desde outubro de 2016, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ), defendeu a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, criticou a atuação do Congresso e prometeu voltar à vida pública. "Confio em Deus que vou reverter o quadro e voltarei a participar do cenário político", escreveu em carta divulgada nesta sexta-feira (17).

O emedebista foi condenado em junho a 24 anos e 10 meses de prisão por desvios na Caixa Econômica Federal. Em novembro de 2017, outro processo rendeu a ele pena de 14 anos e 6 meses de prisão por receber propinas em troca de contratos da Petrobras.

No texto, Cunha se compara a Lula, preso desde 7 de abril, condenado em 2ª instância no caso do tríplex do Guarujá. "É notório que sou vítima de uma perseguição, por ter sido o responsável pelo impeachment, que retirou a Dilma [Rousseff] e o PT do Governo, e sou, assim como o ex-presidente Lula, um troféu político da República de Curitiba."

De acordo com o ex-deputado, cabe aos brasileiros decidir se Lula deveria voltar ao poder. O PT registrou a candidatura do ex-presidente na última quarta-feira (15), mas a expectativa é que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o declare inelegível, pela Lei da Ficha Limpa. "Como defensor da democracia, acredito que lula tem direito de ser candidato, pois quem deve julga-lo é a população", diz a carta. "O petista não deve ser eleito pelo custo que impôs ao povo com sua desastrada escolha, mas jamais impedido de disputar", completa Cunha.

Como presidente da Câmara, o ex-deputado foi responsável por aceitar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff em 2 de dezembro de 2016, horas após deputados do PT anunciarem que votariam contra ele no Conselho de Ética da Câmara.

Responsável pelo fortalecimento do centrão, Cunha criticou a atuação do grupo e defendeu a adoação do parlamentarismo. "A situação do país é muito difícil e a eleição não acabará com a crise. Qualquer candidato que saia vitorioso terá enorme dificuldade de governar, pois dependerá de um Congresso eleito totalmente desvinculado de suas propostas e compromissos", disse na carta, sem citar o bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, que apoia a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) na corrida presidencial.

Ele também criticou os critérios da eleição atual, incluindo o fim de financiamento empresarial e sinalizou para o risco de o próximo presidente não chegar ao fim do mandato. "Chegamos a um momento muito difícil. O Congresso será eleito no pior dos modelos políticos, com voto individual, financiamento público e sem qualquer compromisso com a governabilidade. O eleitor precisa estar atento que alguns dos candidatos a presidente, se eleito forem, correm o risco de não durarem um ano de governo."

Cunha sinalizou também a dificuldade do próximo governo aprovar medidas impopulares. "A título de exemplo, de que adianta ao candidato do PSDB ter uma base de apoio tão extensa, mas com a maioria dos parlamentares sendo contra a reforma da previdência? Imagina outros candidatos que nem base tem para apoiá-los!", afirmou. Informações Huffpost Brasil.

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