A pergunta do presidente Jair Bolsonaro, que rodou o mundo, no último dia 28 de abril, pode até ser detestável, mas, definitivamente, o capitão não está sozinho nessa convicção.
Milhares de brasileiros estão com ele, a julgar pelo baixíssimo nível de isolamento social das últimas semanas.
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse Bolsonaro ao ser perguntado, na ocasião, sobre o que achava do Brasil ter ultrapassado a China no número de mortes pelo coronavírus.
Tanto Bolsonaro como a deputada Bia Kicis ainda não entenderam que o isolamento social de 70% nas regiões mais atingidas, feito cedo, era a única alternativa viável para nos livrarmos da primeira onda da pandemia e, quem sabe, iniciarmos em junho a volta controlada às atividades normais.
Muito tempo, é verdade, mas foi exatamente o que vários países da Europa e da Ásia fizeram para poder flexibilizar agora o convívio social, com apoio até tardio de muitos governos, que pagaram caro pelo erro.
A culpa é só do presidente que estejamos pisando perigosamente sobre areia movediça?
Não é verdade que todos os “fura-isolamento”, podendo ficar em casa, sejam bolsonaristas. Tampouco são pessoas desesperadas com a falta do auxílio emergencial que saíram para lotar as praias, baladas clandestinas ou churrascos na vizinhança.
São brasileiros incrédulos, que usam o reforço do chefe da Nação para escorar cresças absolutamente mesquinhas de que a guerra só pertence aos outros e nunca a eles próprios.
Que os respiradores estarão sempre inflando os pulmões de desconhecidos, bem longe de parentes, amigos, pais, mães e filhos.
Quando Bolsonaro disse o famoso “E daí?”, em 28 de abril, o Brasil registrava 474 mortes pelo coronavírus em 24 horas. Hoje, esse número já é o dobro.
Agora RN