Estadão: com a piora da economia e
temas ainda sensíveis a serem enfrentados, o governo já tem na conta que os
próximos levantamentos sobre a popularidade da presidente Dilma Rousseff ainda
podem piorar antes de começarem a mostrar alguma recuperação. Por isso, é tão
importante, segundo interlocutores do governo, acelerar a agenda positiva.
Ontem, pesquisa Datafolha revelou o aumento da rejeição à presidente.
“Vai piorar ainda mais um pouco antes
de começar a melhorar. O governo tem muitas frentes, e todas dificies e mal
articuladas”, admitiu um interlocutor da presidente, citando a aprovação das
contas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), as indefinições sobre a
desoneração da folha de pagamento, que está dependendo do Congresso Nacional, e
escândalos de corrupção, como os investigados na Operação Lava Jato.
“A própria presidente tem conhecimento
disso porque o desemprego vai crescer, a inflação vai continuar alta e a recuperação
da economia é esperada só para o ano que vem”, relatou a fonte. A pesquisa
divulgada ontem veio até melhor do que o esperado nos bastidores, segundo
interlocutores. Isso porque o governo possui suas próprias sondagens que têm
mostrado aprovação de Dilma é de apenas um dígito. Pelo Datafolha, o governo é
classificado como “ótimo ou bom” por apenas 10% dos entrevistados.
Oficialmente, o ministro de Comunicação
Social, Edinho Silva, também atribuiu ao momento econômico e político do País a
redução da popularidade da presidente. “Estamos vivendo uma situação de
dificuldade econômica, o governo tem consciência das dificuldades e está
fazendo ajuste para que sejam superaradas” elencou. “Estamos virando a página
do ajuste e entrando na agenda de retomada da economia”, disse, citando como
exemplos os recentes lançamentos do Plano Safra e do Plano de Infraestrutura e
também futuros, como na área energética e de banda larga, além do Minha Casa,
Minha Vida 3. “São agendas que vão provocar a retomada”, apostou.
Em um único dia, na sexta-feira
passada, diferentes indicadores trouxeram um retrato de estagflação do País,
quando há ao mesmo tempo retração da economia com disparada de preços. Os
números têm apontado que a atividade está dando ré, o mercado de trabalho está
encolhendo e a inflação subindo mais do que o esperado.