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84 congressistas são investigados pela
Operação Lava Jato com base em pedidos feitos pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot. No entanto, a Folha de S. Paulo entrou em contato com
os deputados e senadores alvos da Operação e eles afirmaram duvidar que
sofrerão processo de cassação e planejam continuar na vida pública.
"Estou há dois anos e
dois meses esperando meu processo ser arquivado. O cara [o doleiro Alberto
Youssef] diz que me deu [propina], eu já provei que não deu. Fui 24 vezes na
Procuradoria, estive oito vezes com Janot e não consigo tirar meu nome desse
negócio", reclama Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
Renan Calheiros (AL) também
foi outro que minimizou o risco de enfrentar novamente o Conselho de Ética.
"Eu estou sendo investigado pela interpretação, pelo 'ouvi dizer'. Há
evidente falta de provas", afirmou o alvo de 17 inquéritos na Lava Jato.
O levantamento da Folha
aponta que 54 deputados e senadores disseram não acreditar que serão alvos de
processo de cassação. Outros 30 não quiseram se manifestar.
Dos que responderam as
perguntas da Folha, 50 dizem que pretendem se manter na vida pública, a maioria
disputando a reeleição.
Edison Lobão (PMDB-MA), 80
anos, é alvo de seis inquéritos da Lava Jato. "Sou o mais antigo, e não o
mais velho, desta Casa: 32 anos de mandato. Não vou tentar a reeleição. É
evidente que vou me reeleger."
Apenas três dos que
responderam disseram que não pretendem concorrer a mandatos eletivos, porém,
nenhum citou problemas na Justiça ou a Lava Jato como explicação.
A publicação não ouviu
políticos que figuraram nas listas de Janot, mas cujos casos foram arquivados
ou estão ainda em análise.
OPINIÕES
Os deputados e senadores
também responderam sobre excessos ou erros no trabalho da Procuradoria-Geral da
República e do juiz federal Sergio Moro. 24 parlamentares criticam a atuação do
órgão chefiado por Rodrigo Janot, e 24 dizem não ver excessos. Trinta e seis
não quiseram se manifestar.
No caso de Moro, 46
preferiram não responder a pergunta. Dos que responderam, 21 afirmam que há
abuso na condução do magistrado, principalmente no tempo de prisão de alguns
dos alvos da operação. Outros 17 consideram que atuação do juiz é correta.
Questionados sobre a
atuação do Ministério Público e de Moro, Romero Jucá (PMDB-RR), líder do
governo de Michel Temer no Senado, é um dos que diz que ambos estão corretos.
"Não se julga a história enquanto ela está acontecendo. A Lava Jato mudou
a política no Brasil. É um paradigma que fez a política caminhar para algo
melhor."
A Folha recorda que, em
conversa gravada em março de 2016, Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um
pacto para "estancar a sangria" representada pela Lava Jato.
Notícias Ao Minuto