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Após a apresentação da denúncia do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer se
reuniu com ministros e líderes aliados, em seu gabinete, no Planalto, para
começar a discutir as estratégias para reação.
Neste momento, Temer está
com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral, Moreira
Franco. Além dos dois ministros, Temer também se reuniu com os ministros da
Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, da Fazenda, Henrique Meirelles, da
Justiça, Torquato Jardim, e líderes no Congresso, deputado André Moura e
senador Romero Jucá.
Temer está discutindo os
próximos passos para reagir politicamente à denúncia, mas também está
preocupado com a reação jurídica, que está sob o comando do seu advogado,
Antônio Claudio Mariz, assim como o impacto desta denúncia na economia, que
começava a dar sinais de recuperação.
Quando a notícia da
apresentação da denúncia chegou ao Planalto, Temer estava com a ministra-chefe
da Advocacia Geral da União, Grace Mendonça. A primeira avaliação é de que o
fatiamento é "muito ruim" para o presidente porque prorrogará o
processo e o seu consequente sangramento. Mas, o governo não tem ideia ainda de
como este gesto de Janot chegará à opinião pública e qual o tamanho do estrago
que poderá provocar.
A capacidade de mobilização
da oposição contra o seu governo poderá ditar os rumos dos próximos passos. O
temor é que, caso haja mobilização popular contra Temer, a sua base termine de
se esfacelar e, com o voto aberto, os deputados se sintam pressionados e acatem
a denúncia de Janot, condenando o presidente.
Fatiamento. O problema é que esta poderá ser
apenas a primeira de uma série de três ou quatro denúncias contra Temer. Na
verdade, a temperatura mais real só poderá ser tomada nos próximos dias, com o
desenrolar dos fatos.
O presidente quer que a
resposta à denúncia seja dada, pelo seu advogado, com viés jurídico. Mas, a
exemplo do que aconteceu em outras ocasiões, uma resposta mais consolidada só
deverá ser apresentada nesta terça-feira, embora Mariz já tenha reagido dizendo
que "o valor jurídico do relatório é nenhum".
Temer quer também que os
parlamentares de sua base aliada saiam em sua defesa. A avaliação é de que
muitos congressistas sabem que a sua punição poderá ser a abertura para uma
condenação em massa de deputados e senadores. Um dos auxiliares de Temer
lembrou que fragilizar o presidente é fortalecer Janot e isso significará
deixar na chuva também os parlamentares.
Temer tem pressa em barrar
a denúncia a ideia é que até mesmo a sua defesa seja feita em menos sessões.
Isso poderá levar até mesmo à necessidade de suspender o recesso parlamentar.
Até às 23 horas desta
segunda-feira, o presidente permanecia no Planalto reunido com auxiliares.
Por
Tânia Monteiro - Estadão