© Marcos Oliveira/Agência Senado Dono da JBS apresentou 16 notas fiscais emitidas entre 2015 e 2017 pela Rádio Arco Íris, afiliada da Jovem Pan em Belo Horizonte |
Em declaração à Procuradoria-Geral da República,
o empresário Joesley Batista que pagou R$ 50 mil por mês a Aécio Neves
(PSDB-MG), ao longo de dois anos. Os repasses foram feitos por meio de uma
rádio da qual o senador era sócio. Segundo Joesley, o tucano solicitou os
pagamentos durante um encontro no Rio e teria dito que usaria o dinheiro para
"custeio mensal de suas despesas".
De acordo com a reportagem da
Folha de S. Paulo, o dono da JBS apresentou 16 notas fiscais emitidas entre
2015 e 2017 pela Rádio Arco Íris, afiliada da Jovem Pan em Belo Horizonte. Os
comprovantes citam a prestação de "serviço de publicidade" e trazem a
descrição de que o valor mensal era de "patrocínio do Jornal da
Manhã", um dos programas da rádio.
No total, a JBS pagou à rádio
da família de Aécio R$ 864 mil.
Joesley disse ao aos
procuradores não saber se algum serviço de publicidade foi de fato prestado
pela rádio Arco Íris. No entanto, o empresário reforçou que o objetivo dele foi
repassar os R$ 50 mil mensais a fim de manter um bom relacionamento com o
senador, que tinha sido candidato à Presidência em 2014 e poderia voltar a ser
em 2018.
A reportagem destaca que as
notas fiscais mencionam o valor de R$ 54 mil, mas no anexo à PGR Joesley cita
R$ 50 mil. O dono da JBS não esclarece se a diferença era imposto a ser abatido
para repassar o valor exato que teria sido solicitado pelo tucano. O
primeiro pagamento registrado é de julho de 2015, mais de um ano depois do
início da Operação Lava Jato. O último, de junho de 2017.
Além das notas fiscaisis, o
empresário apresentou os respectivos comprovantes de pagamentos, feitos via
transferência eletrônica ou boleto bancário. Os pagamentos saíram da conta da
JBS S.A. direto para a da Rádio Arco Íris Ltda.
RESPOSTA
Em nota, o advogado de Aécio
Neves, Alberto Toron, afirmou que Joesley Batista se aproveita de uma
"relação comercial lícita" para "forjar mais uma falsa
acusação". A defesa do senador confirmou a relação financeira entre JBS e
a rádio Arco Íris e negou que o tucano tenha solicitado os recursos para despesas
pessoais.
"O senador jamais fez
qualquer pedido nesse sentido ao delator, da mesma forma que, em toda a sua
vida pública, não consta nenhum ato em favor do grupo empresarial", diz a
nota.
O advogado diz ainda que a
prova de que a relação com a rádio era legal é que o contrato com a JBS foi
mantido normalmente até o encerramento, quando a delação de Joesley já tinha
sido feita.
Toron reafirma que o relato é
mais uma demonstração de má-fé e desespero do delator. "A afirmação do
delator de que não sabia se os serviços teriam sido prestados demonstra o
alcance da sua má-fé, já que bastaria uma consulta ao setor de comunicação das
suas empresas para constatar que os serviços foram correta e efetivamente
prestados", disse.
A rádio Arco Iris se disse
"surpresa" com o relato de Joesley por tentar "dar caráter
político a uma relação estritamente comercial, comprovadamente correta, legal e
legítima na prestação de serviços publicitários". Em resposta à Folha, a
rádio apresentou cinco comerciais veiculados na grade de programação e disse
ainda que há campanhas promocionais "gravadas com a voz do locutor da
rádio".
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