Agência Brasil |
Mesmo que o WhatsApp ainda seja um instrumento sensível à
divulgação das chamadas fake news, os usuários estão cada vez mais “treinados”
para identificá-las – pelo menos quando o assunto é política. O excesso de
otimismo, promessas grandiosas, informações sem referência (datas, fontes ou
links), erros ortográficos, fotos sensacionalistas e propostas batidas têm
causado desconfiança de quem usa o aplicativo.
Ao
identificar um desses elementos, ou não concordar ideologicamente com seu
conteúdo, o usuário tem evitado o compartilhamento automático de notícias e,
logo, cogitado se tratar de fraude. Foi o que apontou um levantamento realizado
entre passageiros de táxi e usuários do aplicativo.
O
dado é alentador para os especialistas em marketing e aqueles que estudam a
força do WhatsApp no jogo eleitoral. Para o professor da Faculdade de Direito
da Universidade de Brasília (UnB) Bruno Rangel, separar o que é informação do
que é fake news ou simples propaganda política será um dos desafios
fundamentais do eleitor. “A solução para o fim da disseminação de notícias
falsas está muito mais na sociedade do que em normas jurídicas ou ações de
repressão. Está em um uso mais consciente do aplicativo, um uso que implica não
sairmos compartilhando qualquer conteúdo sem o mínimo de checagem”, afirma.
Para
entender o comportamento do eleitor no aplicativo, a agência de comunicação
Nova/SB realizou um levantamento por meio do ‘dataTáxi’ – onde os passageiros
respondem perguntas relativas ao tema durante uma viagem de táxi para casa ou
trabalho. Entre os dias 11 e 21 de junho foram feitas 30 entrevistas dentro de
um táxi. Como complemento, uma sondagem também foi feita por meio de grupos de
discussão e questionários
A
reportagem acompanhou duas corridas do ‘dataTáxi’. Os passageiros foram
recrutados em pontos de ônibus de São Paulo. Eles “trocaram” a participação na
pesquisa pela gratuidade da corrida. As perguntas foram feitas por uma
pesquisadora sentada no banco do passageiro (em algumas ocasiões, o próprio
motorista era quem perguntava).
O
bancário Diogo Passos Silva, de 32 anos, por exemplo, participa de diversos
grupos de WhatsApp. “A maioria é sobre futebol, mas a política sempre entra no
meio”, diz. Silva afirma que prefere não se expor politicamente e, por isso,
não compartilha notícias sobre o tema. “Mas é fácil saber quando é fake news.”
A
outra passageira, a estudante Bianca Sousa, de 21 anos, administra 17 grupos de
WhatsApp e diz ter cuidado com o que compartilha. “Não gosto de política, mas
se alguém me manda uma notícia eu procuro pesquisar se já saiu em algum jornal
ou na televisão”, diz.
O
levantamento mostrou que o WhatsApp é uma ferramenta completamente incorporada
na vida das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos – e que o conceito de
fake news já está bastante difundido entre os eleitores. “O que o ‘dataTáxi’
mostrou é que ninguém é mais tão inocente. As pessoas estão preocupadas com a
credibilidade da informação que consomem. O WhatsApp não será a ferramenta de
manipulação que se imaginava”, afirma o presidente da Nova/SB, Bob Vieira da
Costa.
Além
da política, o levantamento também mostrou que entre os temas mais difundidos
no aplicativo (recebido, enviado ou debatido) estão questões familiares,
problemas da cidade e o futebol. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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