© Adriano Machado/Reuters Sérgio Moro, ministro da Justiça: `continua sendo lambança`- 14/06/2019 |
Os
procuradores da Lava Jato fizeram um cerco de proteção em torno do então juiz Sergio Moro em 2016 para
impedir que os atritos entre ele e os ministrodos do Supremo Tribunal Federal paralizassem
as investigaçõe, informou o jornal Folha
de S Paulo, com base em mensagens obtidas pelo portal The
Intercept. As tensões entre Moro e o STF aumentaria, na percepção dos procuradores,
com a divulgação de documentos encontrados pela Polícia Federal na casa de um
executivo da empreiteira Odebrecht que expunham políticos com direito a foro
especial.
A divulgação
dessa troca de mensagens entre Moro e Dallagnol agrava ainda mais a situação do
ministro da Justiça, ao reforçar a relação de cooperação entre juiz e
procurador, considerada incompatível com o princípio de imparcialidade exigido
a qualquer magistrado. Mensagens divulgadas no último dia 9 pelo Intercept já
haviam apontado essa falta. Nelas, Moro diz a Dallagnol ter recebido de “fonte
séria” a informação de que uma testemunha estaria disposta a depor sobre
transferências de propriedade de um dos filhos de Lula.
O
episódio teve como estopim a decisão da PF de anexar os documentos da Odebrecht nos
autos de um processo da Lava Jato em 22 de março daquele ano, sem preservar seu
sigilo. No dia seguinte, segundo a Folha, Sergio Moro escreveu
mensagem pelo Telegram ao procurador Deltan Dallagnol, chefe
da força tarefa da Lava Jato em Curitiba. “Tremenda bola nas costas da PF. E
vai parecer afronta”, queixou-se o juiz, que havia se programado para enviar ao
tribunal o inquérito sobre João Santana, o marqueteiro das campanhas petistas.
Dallagnol informou Moro já
haver entrado em contato com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o
aconselhou a enviar outro inquérito. Horas depois, escreveu novamente a Moro
para indicar não ter havido má-fé da PF. “Continua sendo lambança. Não pode
cometer esse tipo de erro agora”, respondeu o juiz.
O procurador prometeu apoio
incondicional a Moro. “Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com
Vc, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender Vc de injustas
acusações”, escreveu ao juiz, que temia o exame de sua atuação pelo Conselho
Nacional de Justiça.
Ainda segundo a Folha,
Moro informou Dallagnol sobre sua decisão de enviar os três principais
processos sobre a Odebrecht ao STF, inclusive o do caso de Santana. Dallagnol
prometeu conversar com o representante do Ministério Público no CNJ e indicou
que apressaria o envio ao STF de denúncias em preparação, com os acusados
e crimes já definidos.
VEJA.com