domingo, 23 de junho de 2019

Procuradores da Lava Jato fizeram cerco de proteção a Moro em 2016

© Adriano Machado/Reuters Sérgio Moro, ministro da Justiça: `continua sendo lambança`- 14/06/2019

Os procuradores da Lava Jato fizeram um cerco de proteção em torno do então juiz Sergio Moro em 2016 para impedir que os atritos entre ele e os ministrodos do Supremo Tribunal Federal paralizassem as investigaçõe, informou o jornal Folha de S Paulo, com base em mensagens obtidas pelo portal The Intercept. As tensões entre Moro e o STF aumentaria, na percepção dos procuradores, com a divulgação de documentos encontrados pela Polícia Federal na casa de um executivo da empreiteira Odebrecht que expunham políticos com direito a foro especial.

A divulgação dessa troca de mensagens entre Moro e Dallagnol agrava ainda mais a situação do ministro da Justiça, ao reforçar a relação de cooperação entre juiz e procurador, considerada incompatível com o princípio de imparcialidade exigido a qualquer magistrado. Mensagens divulgadas no último dia 9 pelo Intercept já haviam apontado essa falta. Nelas, Moro diz a Dallagnol ter recebido de “fonte séria” a informação de que uma testemunha estaria disposta a depor sobre transferências de propriedade de um dos filhos de Lula.

O episódio teve como estopim a decisão da PF de anexar os documentos da Odebrecht nos autos de um processo da Lava Jato em 22 de março daquele ano, sem preservar seu sigilo. No dia seguinte, segundo a Folha, Sergio Moro escreveu mensagem pelo Telegram ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa da Lava Jato em Curitiba. “Tremenda bola nas costas da PF. E vai parecer afronta”, queixou-se o juiz, que havia se programado para enviar ao tribunal o inquérito sobre João Santana, o marqueteiro das campanhas petistas.

Dallagnol informou Moro já haver entrado em contato com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o aconselhou a enviar outro inquérito. Horas depois, escreveu novamente a Moro para indicar não ter havido má-fé da PF. “Continua sendo lambança. Não pode cometer esse tipo de erro agora”, respondeu o juiz.

O procurador prometeu apoio incondicional a Moro. “Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com Vc, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender Vc de injustas acusações”, escreveu ao juiz, que temia o exame de sua atuação pelo Conselho Nacional de Justiça.

Ainda segundo a Folha, Moro informou Dallagnol sobre sua decisão de enviar os três principais processos sobre a Odebrecht ao STF, inclusive o do caso de Santana. Dallagnol prometeu conversar com o representante do Ministério Público no CNJ e indicou que apressaria o envio ao  STF de denúncias em preparação, com os acusados e crimes já definidos.

VEJA.com

O silêncio de Bolsonaro não é inocente

                 A reclusão do presidente contrasta com seu ativismo digital, mina sua credibilidade como futuro líder da oposição e deve en...