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| © Federico Gambarini A atividade humana produz até 100 vezes mais carbono a cada ano do que todos os vulcões da Terra, segundo um estudo de uma década de duração |
A atividade
humana produz até 100 vezes mais carbono a cada ano do que todos os vulcões da
Terra, segundo um estudo de uma década de duração divulgado nesta terça-feira
(1).
O
Deep Carbon Observatory (DCO), uma equipe internacional de 500 cientistas,
divulgou uma série de artigos que descrevem como o carbono é armazenado,
emitido e reabsorvido por processos naturais e artificiais.
Eles descobriram que as
emissões de dióxido de carbono provocadas pelo homem superam drasticamente a
contribuição dos vulcões - que liberam gás e são frequentemente apontados como
grandes contribuintes da mudança climática - para as atuais taxas de
aquecimento.
As descobertas, publicadas
na revista científica Elements, mostraram que apenas dois décimos de 1% do
carbono total da Terra - cerca de 43.500 gigatoneladas - estão acima da
superfície, nos oceanos, na terra e em nossa atmosfera.
O restante - 1,85 bilhão de
gigatoneladas - está armazenado na crosta, no manto e no núcleo do planeta,
fornecendo aos cientistas pistas sobre como a Terra se formou, bilhões de anos
atrás.
Uma gigatonelada é
equivalente a cerca de 3 milhões de Boeing 747s.
Ao medir a proeminência de
certos isótopos de carbono em amostras de rochas em todo o mundo, o DCO
conseguiu criar uma linha do tempo que remonta a 500 milhões de anos atrás para
mapear como o carbono se movia entre terra, mar e ar.
Eles descobriram que, em
geral, o planeta autorregulou os níveis atmosféricos de dióxido de carbono, um
importante gás do efeito estufa, em períodos geológicos de centenas de milhares
de anos.
As exceções vieram na forma
de "distúrbios catastróficos" no ciclo de carbono da Terra, como
imensas erupções vulcânicas ou a colisão de um asteroide que levou à extinção
dos dinossauros.
"No passado, vemos que
essas grandes entradas de carbono na atmosfera causaram aquecimento, causaram
grandes mudanças na composição do oceano e na disponibilidade de
oxigênio", disse Marie Edmonds, professora de vulcanologia e petrologia no
Queens 'College, em Cambridge.
A equipe estimou que o
impacto de Chicxulub 66 milhões de anos atrás, que matou três quartos de toda a
vida na Terra, liberou entre 425 e 1.400 gigatoneladas de CO2.
As emissões feitas pelos
homem em 2018 superaram 37 gigatoneladas.
"A quantidade de CO2
bombeado para a atmosfera por atividade antropogênica nos últimos 10 a 12 anos
(é equivalente) à mudança catastrófica durante esses eventos que vimos no
passado da Terra", disse Edmonds à AFP.
Celina Suarez, professora
de geologia da Universidade de Arkansas, disse que as emissões modernas feitas
pelo homem são da "mesma magnitude" dos choques de carbono anteriores
que precipitaram a extinção em massa.
"Estamos no mesmo
nível de catástrofe de carbono, que é um pouco preocupante", disse à AFP.
Em comparação, o CO2
liberado anualmente pelos vulcões gira em torno de 0,3 e 0,4 gigatoneladas -
aproximadamente 100 vezes menos que as emissões provocadas pelo homem.
AFP
