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| © Foto: Marcello Casal Jr./ABr |
Trabalhadores
negros enfrentam mais dificuldade de encontrar um emprego se comparados a
trabalhadores brancos, mesmo quando possuem a mesma qualificação. Quando
trabalham, recebem até 31% menos que seus pares. Os dados são da Síntese de Indicadores
Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
As
desigualdades raciais no Paísse
refletem em menos oportunidades e também menos renda disponível. A renda média
domiciliar per capita dos pretos ou pardos foi de R$ 934 em 2018, metade do que
era recebido pelos brancos, de R$ 1.846.
Em todos os níveis de
instrução, a taxa de desemprego é significativamente mais elevada entre a
população preta ou parda do que entre a população que se autodeclara branca.
Entre os que têm ensino superior completo, a taxa de desemprego é de 5,5% para
os brancos, mas sobe a 7,1% entre pretos e pardos. Na faixa com ensino médio
completo ou superior incompleto, os brancos têm taxa de desemprego de 11,3%,
contra 15,4% dos pretos e pardos.
Quando conseguem emprego, o
salário permanece desigual. Em 2018, os trabalhadores ocupados de cor branca
tinham rendimento por hora trabalhada superior ao da população preta ou parda
em todos os níveis de instrução. A maior diferença foi no nível de instrução
mais elevado, com ensino superior completo: os brancos recebiam R$ 32,80, 45% a
mais que os R$ 22,70 recebidos por pretos e pardos.
“O nível de instrução é
parte da desigualdade, mas não é todo o problema. A efetiva discriminação no
mercado de trabalho também acontece”, disse Luanda Botelho, analista da
Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.
Os brasileiros mais ricos
são majoritariamente brancos. Entre os 10% com maiores rendimentos domiciliares
per capita, 70,6% eram de cor branca e apenas 27,7% de preta ou parda. A situação
se inverte no outro extremo, na faixa de 10% mais pobres: 75,2% deles são
pretos ou pardos, enquanto somente 23,7% são brancos.
Na população em geral, os
pretos e pardos são maioria, 55,8% dos brasileiros, contra uma fatia de 43,1%
de brancos.
Os negros eram maioria na
força de trabalho de atividades como Agropecuária (60,8% dos trabalhadores
nesse setor), Construção (62,6%) e Serviços domésticos (65,1%), todos eles
segmentos com remuneração inferior à média em 2018. Por outro lado, os brancos
estavam em maior número nas atividades mais bem remuneradas, como Informação,
financeiras e outras atividades profissionais e Administração pública,
educação, saúde e serviços sociais.
Estadão
