Sede da, Procuradoria da República do Rio Grande do Norte — Foto: MPF/Divulgação |
O Ministério Público Federal do Rio
Grande do Norte denunciou nesta segunda-feira (27) 22 pessoas, entre elas uma
advogada, por tráfico internacional de drogas. De acordo com o MPF, o grupo,
que é ligado à facção criminosa Comando Vermelho, comercializou mais de 500 kg
de cocaína e 120 kg de maconha entre 2017 e 2019. Os acusados foram alvo da
chamada Operação Expresso.
Os procuradores afirmam que a organização criminosa tem
atuação no estado potiguar e também no Acre. Segundo o Ministério Público
Federal, os réus “se associaram para o fim de praticar, de forma reiterada e
profissional o tráfico ilícito de entorpecentes em âmbito transnacional, com
desenvolvimento de organização criminosa estruturalmente ordenada”. A cocaína
era trazida da Bolívia e entrava no Brasil através do Acre. Já a maconha era
levada para a região Norte a partir do RN.
A organização também executava as tarefas de transporte,
armazenamento, coleta, transformação química e distribuição das drogas. Parte
do grupo é acusada, ainda, de ocultação e simulação dos valores obtidos com o
tráfico.
Segundo a Polícia Federal, com a “interceptação e realizando
diversos cruzamentos de dados, fica clara a existência de um grupo voltado para
o tráfico de drogas que abastece o estado do Rio Grande do Norte.” Também ficou
evidente, segundo o MPF, que a organização buscava a aquisição ilegal de armas
de fogo e que seus integrantes utilizavam documentos falsos para dificultar a
identificação.
O MPF afirma que os denunciados, com
diferentes funções e graus de participação, devem responder pelos crimes de
tráfico transnacional de entorpecentes, associação para o tráfico, organização
criminosa e lavagem de ativos.
Diálogos interceptados
De acordo com o Ministério Público
Federal, a investigação teve início a partir da apreensão de aparelhos
telefônicos na Penitenciária Estadual de Parnamirim, na Grande Natal, em 2017. A
PF passou a monitorar as atividades do grupo. Entre as provas da investigação,
estão 10 períodos de interceptação telefônica, autorizados pela 2ª Vara da
Justiça Federal no Rio Grande do Norte, entre 2017 e 2019. Mesmo com a
apreensão de drogas e prisão de integrantes, a organização permaneceu ativa.
A PF relatou que “termos dissimulados como ‘mistura’,
‘branco’, ‘malote’ e por vezes até termos explícitos como ‘droga’ são
constantes usados” pelos investigados. Os diálogos monitorados mostram toda a
operação criminosa, como a articulação para aquisição de imóveis e veículos,
além dos serviços de adaptação de fundos falsos e assoalhos para o esconderijo
das drogas, chamado de “mocó”. O MPF diz que também foi possível conhecer a
rotina e logística da organização, como a constante troca de números de
telefone, negociações de preços e discussões sobre a “qualidade” das drogas.
Operações
Em 13 de março de 2018, policiais
rodoviários federais apreenderam ônibus pertencente a essa organização
criminosa, na BR 364, em Mato Grosso, com quase 245 kg de cocaína embaixo do
assoalho. Já em 5 de junho do mesmo ano, o líder do grupo, Gilson Limeira da
Silva (conhecido como “Mossoró”) foi preso em flagrante com 10 kg de droga,
quatro veículos e cerca de R$ 100 mil em espécie. Ainda assim, a denúncia
ressalta que “a facção criminosa continuou atuando e escalou outros agentes
para continuar o processo de tráfico internacional de entorpecentes”.
Em 29 de junho, a PF monitorou a chegada na Região
Metropolitana de Natal de uma carreta do grupo com 277 kg de cocaína em fundo
falso. A droga seria descarregada em um sítio em São José de Mipibu, na Grande
Natal.
G1
RN