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© Ernesto Rodrigues/ Estadão Ministério da Economia |
BRASÍLIA - Depois de sofrer duras críticas do Congresso e das redes
sociais, o presidente Jair Bolsonaro ficou “muito
irritado” ao saber, na manhã desta segunda-feira, 23, que uma redação
“equivocada” do artigo 18 da Medida
Provisória 927 definiu a suspensão do contrato de trabalho, por até quatro
meses, sem pagamento de salário. O relato foi feito por interlocutores do Palácio do Planalto que tentaram,
ao longo da tarde, apagar mais um incêndio provocado pelo governo no momento de
pandemia do novo coronavírus.
A auxiliares, Bolsonaro teria demonstrado inconformismo com a
“saraivada” de críticas
recebidas especialmente do Congresso, por um erro que não seria dele. O presidente contou ter
“confiado” no texto que sua equipe de governo lhe repassara para assinar. À
exceção de entidades empresariais, os ataques vieram dos mais partidos,
centrais sindicais e das redes sociais.
Até o início da noite não tinha circulado ainda o nome do
“responsável pelo equívoco”, já que cada parte envolvida na elaboração da MP
tirava o seu corpo fora do problema e repassava a terceiros. Em meio ao jogo de
empurra, a suspeita inicial no Palácio recaiu em “algum” setor do Ministério da
Economia, possivelmente uma da secretaria da pasta.
Jair Bolsonaro disse não se conformar com
a publicação da MP sem prever compensação aos trabalhadores. O “equívoco” lhe
causou enormes prejuízos não só políticos, mas entre a classe trabalhadora, que
se viu totalmente desprotegida e abandonada. Quando se deu conta do estrago
político, Bolsonaro foi ao Twitter, no final da
manhã, avisar que revogaria a medida. Naquele momento, a
hashtag #BolsonaroGenocida já tinha disparado.
O presidente disse, ainda segundo os auxiliares, que não era
possível deixar os trabalhadores sem qualquer proteção em uma situação crítica.
Afinal, contaram, ele tem enfrentado inclusive governadores e reclamado de
ações adotadas por eles que podem colocar em risco empregos e meios de
sobrevivência da população.
Estadão