Enquanto trava dura batalha com os
europeus, que restringiram as importações de frango e pescados, o Brasil recebe
quinta-feira certificado de país livre da febre aftosa, concedido pela
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris. A aftosa é uma
doença que ataca bovinos e outros animais de casco bipartido. Seu controle
facilita a abertura de mercados para exportação.
“O novo status sanitário
concedido por esta renomada organização representa o reconhecimento da vitória
de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor
veterinário oficial brasileiro”, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi,
em discurso ontem na cerimônia de abertura da 86ª assembleia da OIE.
O certificado atestará que
a febre aftosa está controlada em todo o território brasileiro, por meio da
aplicação de vacinas. “Nosso novo grande desafio será enfrentar a etapa final
do processo de erradicação da doença em nosso País e na América do Sul, ampliar
nossas zonas livres sem vacinação e, em especial no Brasil, alcançar a condição
de país livre da febre aftosa sem vacinação”, afirmou o ministro.
Para chegar a essa
condição, reconheceu Maggi, é preciso avançar na prevenção, vigilância e
resposta a emergências que venham a ocorrer. “Serão necessários muito mais
investimentos no serviço veterinário”.
Maggi esteve na semana
passada na China e iniciou conversas para vender outros produtos de origem
bovina, como carne termicamente processada, cuja venda só será possível por causa
do certificado a ser emitido pela OIE. Em reunião com a área da aduana que
trata de controle sanitário, foi tratada a exportação de miúdos e carne com
osso, além de outros itens como arroz, frutas e lácteos.
Uma missão técnica chinesa
virá ao Brasil no fim de maio ou início de junho para vistoriar frigoríficos. A
expectativa é que até 84 plantas sejam autorizadas e exportar para aquele país.
Além disso, na semana passada o governo da Coreia do Sul anunciou que começará
a importar carne suína do Brasil, um mercado potencial de US$ 1,5 bilhão.
Segundo Maggi, a pecuária
representou Valor Bruto da Produção de R$ 175 bilhões em 2017. As exportações
do complexo carne aumentaram 8,9%, somando US$ 15,5 bilhões.
Restrições. Por outro lado, o controle
brasileiro sobre a produção de proteína animal têm sido duramente questionado
pela Europa. Na semana passada, a União Europeia bloqueou a compra de frango de
20 frigoríficos locais por suspeita de uso de laudos sanitários falsos. Também
informou que vai descredenciar as plantas exportadoras de peixe. Nesse caso,
porque as embarcações não atendem padrões exigidos pelo bloco.
“Isso não é implicância da
UE”, disse o consultor Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural
Brasileira. “O problema é a lentidão do Brasil em mostrar sua sanidade.”
Ele observou que a operação
Carne Fraca já tem mais de um ano, mas o País segue com fragilidades no
controle sanitário. Por causa disso, os EUA fecharam seu mercado à carne bovina
in natura e até hoje não retomaram suas importações.
Estadão