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Apesar de liderar as pesquisas, Jair Bolsonaro mostrou
que há pontos fracos importantes na sua campanha presidencial.
A partir do momento em que passou a existir a possibilidade de sua vitória, sua
candidatura se tornou muito mais exposta e revelou fragilidades sérias que o
folclore em torno do “mito” pareciam esconder.
Segundo o mais recente levantamento do Ibope, sob críticas pesadas, os índices de
apoio a Bolsonaro pararam de crescer, sua rejeição aumentou e ele passou a perder no confronto direto do segundo turno para Fernando Haddad, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin. Hoje, na
disputa contra Haddad, Bolsonaro elegeria o PT.
Na prática, esses problemas
que atingem agora sua campanha poderiam ter aparecido antes. O atentado que sofreu no dia 6 criou
uma blindagem emocional em torno de sua candidatura. A comoção
criada pelo ataque e pela internação em estado grave impediu que os adversários
lhe batessem pesado. Com o início de sua recuperação, essa limitação acabou e o
candidato passou a ser criticado não apenas pelo seu comportamento individual,
mas também pelas ideias que seus principais assessores passaram a transmitir
desastradamente.
Campanhas lideradas por mulheres, denunciando misoginia, e incertezas
sobre o impacto de mudanças tributárias a
serem adotadas pelo seu eventual governo parecem ter retirado parte do teflon
que o protegia. Declarações inoportunas de Paulo Guedes,
seu guru econômico, e do general Hamilton Mourão, seu candidato a vice,
ajudaram a aumentar o caldo de cultura contra sua campanha.
Simultaneamente, no campo
da esquerda, Haddad se consolidou como o catalisador do espólio de Lula. O candidato do PSL poderá ter força
para chegar ao segundo turno até em primeiro lugar. Mas, por causa de sua
fragilidade e rejeição, essa vantagem poderá se transformar numa espécie de
vitória de Pirro, já que tudo indica que levará os eleitores antipetistas à
derrota posterior contra Haddad.
Estadão