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Cientistas
e pesquisadores de diversas instituições e estudantes de faculdades privadas
também vão aos protestos convocados. É o caso, por exemplo, de PUC-SP e
Mackenzie. Além da comunidade do ensino superior, a rede básica também aderiu à
paralisação. Pelo menos 33 dos principais colégios particulares de São Paulo
vão integrar o movimento, apesar da federação nacional das escolas sugerir
corte de ponto de funcionários faltosos. A Apeoesp, sindicato dos professores
da rede estadual pública de São Paulo, o maior da América Latina, convocou os
professores a paralisarem - o mesmo foi feito pelos sindicatos da rede
paulistana.
Atos em todos os Estados
vêm sendo chamados pelas maiores entidades estudantis e sindicais do País,
incluindo a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE). Em Brasília, o prédio do MEC já amanheceu
nesta terça-feira cercado por homens da Força Nacional de Segurança Pública. O
secretário executivo da pasta, Antoni Paulo Vogel, afirmou que a proteção foi pedida
pelo governo federal. "Temos de estar preparados para evitar qualquer tipo
de problema. Simples assim."
Autonomia e custos. O
ministro Weintraub afirmou na terça ser favorável até à entrada da polícia nas
universidades. "Autonomia universitária não é soberania", disse,
durante café da manhã com jornalistas. Ele argumentou que, no passado, a regra
pode ter feito sentido, "mas atualmente é dispensável".
Ele destacou ainda que a
autonomia das instituições deve se dar também na área financeira, com a criação
de mecanismos que permitam a busca de recursos e patrocínios. "Hoje elas
não podem... Não estou falando em cobrar, sou contra cobrar dos alunos de
graduação." Mas, emendou, "o ideal seria a criação de mecanismos para
que empresas se tornem patronas de instituições, possam construir prédios,
colocar nomes nas novas instalações", disse. "Essas torres de marfim
que a gente criou impedem que renda possa ser gerada para ser usada na
pesquisa."
O ministro se esquivou de
fazer comentários sobre a greve, mas condicionou a liberação dos recursos
bloqueados à aprovação da reforma da Previdência e não descartou novos cortes.
Weintraub procurou ainda reduzir a importância do bloqueio sofrido pela pasta
que lidera, citando outros ministérios que tiveram contingenciamentos maiores,
como a Defesa.
O ministro disse ter
recebido 50 reitores desde que assumiu e, de acordo com os relatos, a conta das
universidades está em dia e "a vida segue normal". Ele reiterou que o
bloqueio só deve ser sentido no segundo semestre. "Se tiver algum
problema, vou até o Ministério da Economia, para abrir exceção."
À tarde, em entrevista à
Rádio Jovem Pan, Weintraub voltou a negar o contingenciamento de 30% -
anunciado pelo próprio MEC. "Mostrem os números. Parem de mentir. Estamos
contingenciando 3,5%."
Pela manhã, ele havia sido
dramático ao falar sobre seu curto período à frente do Ministério da Educação.
Transcorridos menos de dois meses da sua posse, ele se queixa de perseguição.
"Estou sendo caçado com taco de beisebol e machadinha. O inimigo número 1
de tudo", disse. "Estou sendo moído."
Justiça
A juíza Renata Almeida de
Moura Isaac, titular da 7.ª Vara Cível de Salvador, solicitou que a União
justifique, em até cinco dias, cada um dos bloqueios orçamentários que impôs às
instituições de ensino superior no País. O pedido é consequência da ação
popular impetrada pelo deputado federal Jorge Solla (PT-BA), no dia 30 de
abril, que pediu a "anulação imediata" dos cortes, sob alegação de
que o ministro Abraham Weintraub (Educação) atribuiu publicamente a decisão à
uma reprimenda às instituições que "promoviam balbúrdia". As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão
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