© AFP Lula foi apresentou pedido à Justiça Eleitoral para disputar a Presidência, mas sua participação na eleições ainda é incerta |
O Comitê de Direitos Humanos da ONU
(Organização das Nações Unidas) acolheu pedido da defesa de Luiz Inácio Lula da
Silva e pediu que o Brasil garanta os direitos políticos do ex-presidente que,
mesmo preso, teve candidatura à Presidência nas eleições de outubro registrada
junto à Justiça Eleitoral.
A ONU solicitou que o
Estado Brasileiro "tome todas as medidas necessárias para permitir que o
autor (Lula) desfrute e exercite seus direitos políticos da prisão como
candidato nas eleições presidenciais de 2018, incluindo acesso apropriado à
imprensa e a integrantes de seu partido político". Segundo a decisão,
também foi solicitado que Lula não seja impedido de "concorrer as eleições
presidenciais de 2018 até que todos os recursos pendentes de revisão contra sua
condenação sejam completados em um procedimento justo e que a condenação seja
final".
Mas o que isso significa na
prática?
"Este pedido não significa que o
Comitê tenha encontrado uma violação (contra Lula) ainda - é uma medida urgente
para preservar o direito de Lula, enquanto se aguarda a consideração do caso
sobre o mérito, que acontecerá no próximo ano", informou à BBC News Brasil
o Comitê de Direitos Humanos da ONU.
O Comitê esclareceu ainda
que o nome técnico da decisão é "medidas provisórias" e está
relacionada à queixa apresentada pela defesa de Lula junto à entidade.
Por fim, o Comitê disse que
"pediu ao Brasil que tome todas as medidas necessárias para garantir que
Lula possa desfrutar e exercer seus direitos políticos enquanto estiver na
prisão, como candidato nas eleições presidenciais de 2018".
Para a defesa do
ex-presidente, a decisão assegura a Lula o direito de disputar as eleições até
o fim, mesmo tendo sido condenado em primeira e segunda instâncias a 12 anos de
prisão por corrupção e lavagem de dinheiro - condição que o coloca como
impedido de concorrer, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Vai poder também dar
entrevistas e receber correligionários.
"Diante dessa nova
decisão, nenhum órgão do Estado Brasileiro poderá apresentar qualquer obstáculo
para que o ex-presidente Lula possa concorrer nas eleições presidenciais de
2018 até a existência de decisão transitada em julgado em um processo justo,
assim como será necessário franquear a ele acesso irrestrito à imprensa e aos
membros de coligação política durante a campanha", informou, por meio de
nota, os advogados Valeska Teixeira Zanin Martins e Cristiano Zanin Martins.
No entanto, mesmo os
signatários da convenção de direitos humanos da ONU não são legalmente
obrigados a seguir uma recomendação do Comitê de Direitos Humanos, ainda que
isso possa gerar desgaste junto à comunidade internacional.
Segundo a defesa de Lula, o Comitê de
Direitos Humanos da ONU acolheu pedido liminar da defesa do ex-presidente
apresentado em 25 de julho deste ano.
A defesa de Lula tem
acionado a ONU e informado o Comitê de Direitos Humanos sobre os desdobramentos
das decisões contra o ex-presidente desde de 2016, quando os advogados de Lula
decidiram recorrer à entidade contra o juiz Sérgio Moro, acusando-o de violar
direitos.
A decisão desta sexta,
segundo a defesa, levou em conta pedido no qual argumentou-se que o artigo 25
do Pacto de Direitos Civis da ONU foi violado e que há risco de danos
irreparáveis a Lula na tentativa de impedi-lo de concorrer nas eleições
presidenciais ou de negar-lhe acesso irrestrito à imprensa ou a membros de sua
coligação política durante a campanha.Os advogados de Lula afirmam ainda que,
por meio do Decreto nº 6.949/2009 o Brasil "reconhece a jurisdição do
Comitê de Direitos Humanos da ONU e a obrigatoriedade de suas decisões".
BBC
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