A pandemia do novo coronavírus
exige isolamento social, pelo menos enquanto não se conhece o comportamento de
seu contágio no Brasil, cujo pico ainda não chegou, mas cuja eficácia foi
comprovada na China, onde tudo começou.
Nesse sentido, a atuação do presidente Jair
Bolsonaro, nos últimos dias, tem sido absolutamente desastrosa, ao estimular
pessoas a voltarem às ruas, recriando a possibilidade das aglomerações para as
quais tanto as autoridades de saúde do mundo vêm alertando. A cada dia que
passa, os desafios aumentam e, para agravar ainda mais a situação, o presidente
se isola daqueles que, neste momento, poderiam estar a seu lado, ombreados numa
luta que é de todos – os governadores.
Ao maltratar o governador de São Paulo na reunião
da última quarta-feira, conduzindo seus argumentos na direção política,
obcecado que é pela reeleição, quando mal completou o primeiro ano de governo,
Bolsonaro polariza forças contra si. Um desfecho nada bom no momento em que o
País caminha resoluto em direção à recessão econômica, o que exigirá um governo
em sintonia fina com a sociedade civil e sua representação no Congresso.
Só que Bolsonaro, hoje, não tem nem uma coisa e nem
outra, já que deliberadamente plantou a tempestade perfeita ao isolar-se no
topo de uma montanha, tendo apenas seguidores fanáticos ao seu redor. As
próximas semanas necessitarão de algo que o governo não vem oferecendo:
agilidade para auxiliar o País, a partir dos mais pobres, enquanto seu ministro
da Economia fala em disponibilizar cifras numa conversa informal com um
empresário.
E ainda o autoriza a divulgar a conversa, como se
ele fizesse parte da equipe econômica. Com o passar dos dias, as demandas
aumentarão e é preciso que o governo baixe medidas concretas de curto prazo que
minimizem a recessão que se instalará, a exemplo do que já acontece neste
momento em vários países ao redor do mundo. Nesse momento, é preciso que o
presidente da República tente honrar o cargo para o qual foi eleito, buscando a
pacificação e o conforto das milhões de famílias que dependem de suas decisões
executivas.
Hoje, a tese defendida por Bolsonaro de que estão
matando a economia ao não permitir que as pessoas formem aglomerações,
infelizmente, está induzindo muita gente a quebrar com o isolamento social
praticado com sucesso na China, onde a pandemia começou, e que não livra nem a
Índica, cuja população é superior 10 vezes a do Brasil.
A ideia sensata de agirmos duro agora para reduzir
o tempo do isolamento social – e, portanto, os reflexos práticos da pandemia na
economia - está sendo claramente sabotada pelo presidente que, assim, vai na
contramão do que estão fazendo 150 países do mundo.
Ao sugerir o confinamento apenas de idosos e
doentes, Bolsonaro flerta com algo impossível de ser feito e por razões tão
inacreditavelmente obvias que nem deveria estar sendo debatida neste momento.
Infelizmente, as consequências vêm sempre depois.
Agora RN
