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| Foto: Photo/Andre Borges |
Aliados do ministro Luiz Henrique
Mandetta preveem uma escalada dos conflitos com o presidente Jair Bolsonaro, mas têm pedido
“cautela” e que o comandante da Saúde resista no
cargo. A avaliação é de que os próximos 15 dias serão determinantes para
mostrar quem está certo: se o ministro da Saúde ou o presidente da República.
Pessoas próximas a Mandetta disseram ao GLOBO que, durante a
semana, o ministro chegou a classificar a situação como “insustentável”.
Conselheiros, então, entre os quais o presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), reforçaram os apelos para ele “aguente o tranco” e “toque o barco”. A
avaliação unânime levada a Mandetta é a de que, hoje, os brasileiros confiam no
ministro e precisam do trabalho que ele tem desempenhado.
Os próximos 15 dias
são considerados cruciais. Se a população seguir as orientações de Bolsonaro e
voltar às ruas, abrindo caminho para o aumento de mortes por conta da Covid-19,
Mandetta pode ganhar fôlego, avalia o entorno do ministro.
Segundo relatos, Mandetta foi à reunião ministerial
no Palácio do Alvorada, no sábado, com o objetivo de saber se Bolsonaro
continuaria lhe dando carta branca e liberdade para seguir defendendo medidas
baseadas na ciência e na medicina. Do contrário, não teria condições de
permanecer à frente do ministério.
O movimento de Mandetta, de acordo com aliados, foi
respaldado por seus principais auxiliares no Ministério da Saúde, o
secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, e o secretário de
Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira.
A resposta, dizem aliados, veio com a coletiva à
imprensa de Mandetta no próprio sábado, em que o ministro reafirmou a defesa do
isolamento social, repudiou a versão de que a hidroxicloroquina é a cura para
doença e criticou os atos pela reabertura do comércio pelo país.
Neste domingo, Bolsonaro decidiu sair do Palácio da
Alvorada para o que chamou de tour "aleatório" pelo Distrito Federal.
O presidente parou em vários pontos da cidade, entre comércios abertos e locais
de ambulantes, para cumprimentar apoiadores.
A visita do presidente a locais com concentração de
pessoas foi vista como mais um gesto para desautorizar Mandetta. A aliados, no
entanto, o ministro da Saúde indicou que seguirá usando as entrevistas
coletivas à imprensa para reforçar recomendações técnicas.
A mudança de postura do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, também é apontada como importante sinal de isolamento de
Bolsonaro. Neste domingo, ele pediu para a população americana ficar em casa
até 30 de abril. A diretriz anterior era de encerrar o isolamento na Páscoa, no
dia 12.
O Globo
