O
jornalista José Roberto Guzzo escreveu – e ele está coberto de razão – que um
dos maiores, senão o maior, responsável pela desigualdade social do Brasil é o
Estado brasileiro.
E por mais que taxar
grandes fortunas e cobrar dívidas sejam caminhos atraentes para muita gente,
nada substitui a tarefa de reconduzir esse aparato estatal para a caverna de
onde ele saiu, mostrengo cuspidor de fogo que ele é.
Um cálculo recente mostra
que os impostos sugam do País R$ 5 milhões por minuto, para atingir todos os
muitos dígitos necessários no final do ano. Seria uma exorbitância se parte
disso não custeasse, por exemplo, os R$ 30 milhões gastos por dia pelo
Congresso Nacional e os bilhões consumidos todos os meses pelas assembleias
estaduais, tribunais de Justiça, câmaras municipais e por aí vai.
Toda essa montanha, esse
Monte Fuji de dinheiro, paga os minguados programas sociais, financia a falta
de medicamentos nos postos de saúde e as estruturas desabando nas escolas, mas,
principalmente, é usada para nutrir também uma especialíssima casta de altos
salários de servidores e aposentados – uma minoria em sua espécie -, muitos
deles mantidos com benefícios para lá de especiais.
Os agregados, como as
famosas viúvas de militares, engordam esse festival de sinecuras, mas ainda são
uma minoria, já que, na composição dos chamados direitos adquiridos, muitas
famílias foram incluídas lá atrás, desde que o Rio de Janeiro se mudou de malas
e cuias para Brasília, democratizando privilégios em todos os estados a partir
de mudanças encaminhadas pelos próprios governadores, cujos sucessores hoje
enfrentam a crise fiscal.
Falar em retirada de
“direitos” dessa gente, agora, é comprar briga com cachorro grande.
Se Bolsonaro mantiver
princípios liberais que todos sabem pertencer ao ministro Paulo Guedes, e não a
ele, será preciso caminhar rapidamente, e com coragem, as reformas pendentes
como a tributária e a administrativa.
O fato de o País não
suportar mais o monstro criado pelas piores tradições brasileiras desde o
Império é do que se trata.
Sem entrar no mérito das
etapas recentes pelas quais o Brasil passou, entre elas o impeachment de Dilma
Rousseff, uma coisa parece intocada: a permanente desigualdade que obriga cada
brasileiro a trabalhar seis meses por ano para pagar essa conta.
Agora
RN